Poesia Inoema Jahnke "No vai e vem das ondas"











No vai e vem das ondas


O silêncio que antecede o afogamento,
A falta do ar, o desespero da náufraga ferida,
Novamente em processo de cura, em busca de salvação...
Tem no olhar o horizonte e em Deus a sua ponte...
Peregrina regressa a praia de vestes surradas...
De retalhos remendados, de desculpas costuradas,
Na face traz um sorriso meio sem jeito,
Nas mãos, apenas areia do tempo...
No olhar um facho de luz, um que de esperança,
Herança da menina que em poesia se fez manter,
Que escreve na areia a cada vez que onda apaga...
Que sibila antigas canções com harmonia e poesia,
No espelho das águas que passam sob a ponte da vida
É possível ver ali a menina refletida...
Rabiscando na areia fragmentos de poesia,
Montando... quebra cabeça de emoção!
No vai e vem das ondas que banham as areias
Há quem consiga escutar a canção sussurrada,
Ali, sob a bruma branca do tempo, sibila meio distraída
A poesia na areia rabiscada e jaz mais uma vez apagada.

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